quinta-feira, 24 de junho de 2010

Viver em Pernambuco e Alagoas


Estou triste com as notícias da tragédia que vitimou dezenas de milhares de pessoas em Alagoas e Pernambuco. Fiquei sabendo que parte do Nordeste ruiu sob a fúria das chuvas. Cidades inteiras desabadas, literalmente riscadas do Mapa. Quase 50 pessoas encontradas mortas, famílias completamente destruídas, materialmente. Porque o espírito, este Deus preservará. Aos sobreviventes do tsunami nordestino, a difícil missão de recomeçar a vida, maioria do zero, do nada. Ontem vivendo em família sob um teto mesmo que de madeira aproveitada, palafitas sem geladeira, com pouca comida. Hoje sem irmãos, sem pai nem mãe, amigos soterrados e enterrados. Quase 70 mil homens, mulheres, crianças, velhinhos, deficientes, surdos e mudos gritando de fome, de angústia, desesperados, abrigados e alojados em casas de parentes e amigos, nas poucas escolas e igrejas preservadas pela angustiante reação da natureza contra a ação amaldiçoada do próprio homem

Recomeçar a vida em Alagoas e Pernambuco não tem sido tarefa fácil. É privilégio para uma parcela dos vitimados, porque a solidariedade de milhares de brasileiros em situação menos degradante ainda não é suficiente para salvar a dignidade e resgatar a força de vontade de viver daqueles que sobreviveram testemunhando a morte de parte da própria vida.

Não sei se faço da melhor forma, mas o que faço neste momento é um convite para que cada um de nós arrume as malas e programe uma viagem para Alagoas e Pernambuco, ao mesmo tempo. Na minha mala colocarei as roupas que não uso e as de pouco uso. O sapato velho, as sandálias de dez meses e os tênis que pendurei em dezembro quando comprei um Rebook com parte do 13º Salário. Levarei arroz, feijão, óleo, macarrão e biscoito. Quero partilhar do sofrimento daquele povo. Estou desejando comer arroz casado com aquelas crianças que dormem com fome e acordam sem ter o que comer. O capitão de arroz molhado que minha Vó comia e partilhava comigo, eu os vou dar aos velhinhos que perderam os filhos e os netos e agora estão sozinhos, sem ter o que comer, na angustiante tragédia de Pernambuco e Alagoas.

Pensando bem, acho que vou colocar tudo numa caixa e mandar pelos Correios. O dinheiro das passagens dividirei ao meio e enviarei uma parte para Pernambuco e a outra para Alagoas. Se eu achar que a bagagem é pouca, vou pedir um pouco de cada coisa ao vizinho, aos amigos e aos colegas de trabalho, inclusive uns lençóis e cobertores para proteger do relento os pernambucanos e alagoanos que perderam tudo com a fúria do tsunami nordestino. Acho que com essa ajuda contribuirei também com a reconstrução de pelo menos uma casa das tantas que foram destruídas na tragédia de Pernambuco e Alagoas.

Pernambuco - Nos 54 municípios afetados pelas chuvas, 9 decretaram estado de calamidade e outros 30 estão em situação de emergência. A Polícia, o Corpo de Bombeiros e a Defesa Civil já contabilizam 15 mortos e mais de 40 mil pessoas desabrigadas e desalojadas.

Alagoas - Quinze municípios em situação de calamidade pública, quatro em situação de emergência, 181 mil pessoas atingidas direta ou indiretamente pela catástrofe registrada em Alagoas no último final de semana, com saldo negativo de 29 mortes. 607 pessoas continuam desaparecidas e mais de 27 mil homens, mulheres e crianças estão desabrigadas.

• Ajuda

Abaixo as informações para quem quiser fazer doação em dinheiro para minimizar o sofrimento do povo de Pernambuco e Alagoas:

Favorecido: C B M AL Defesa Civil – Alagoas – Agência: 3557-2 - Conta corrente: 5.241-8

Favorecido: CCFBB - SOS – Pernambuco - Agência: 1836-8 - Conta corrente: 100.000-4

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisa